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domingo, 11 de agosto de 2024

Olimpíadas de Paris: jogos foram os mais femininos da história


No discurso oficial de propaganda dos Jogos de Paris, muita ênfase foi dada pelos organizadores à paridade entre homens e mulheres. Sob vários pontos de vista, foram as Olimpíadas mais femininas da história.

Do ponto de vista matemático, porém, ainda não foi desta vez que se alcançou a sonhada igualdade de gênero. Pelos números finais divulgados no site oficial dos Jogos Olímpicos, participaram desta edição 5.655 homens e 5.455 mulheres. A diferença de 0,9% é pequena, mas real. Deve-se, sobretudo, ao torneio de futebol, em que havia mais seleções masculinas (16) que femininas (12).

Por conta desse ligeiro descompasso, os dirigentes adotaram formulações sutis para não renunciar à narrativa. “Foram os primeiros Jogos com uma agenda plena de paridade”, disse o presidente do Comitê Olímpico Internacional, Thomas Bach.


De fato, números absolutos à parte, é inegável o êxito da boa intenção de propiciar às mulheres a visibilidade olímpica que os homens sempre tiveram. Foram criadas novas competições mistas, como o revezamento no triatlo. Em alguns esportes, entre eles o futebol, a final feminina foi disputada depois da masculina, invertendo uma ordem “tradicional” de fundo machista.

A cerimônia de abertura dos Jogos também teve um aceno a um episódio quase desconhecido até recentemente, e resgatada graças ao esforço de revisão da história oficial do esporte. Em 1922, a francesa Alice Milliat (1899-1938) organizou as primeiras Olimpíadas Femininas, enfrentando preconceito e falta de apoio oficial.

O diretor da festa de abertura de Paris, Thomas Jolly, fez questão de exibir uma estátua de Milliat em um “quadro” sobre dez mulheres injustiçadas pela história. O sucesso foi tanto que a prefeita de Paris, Anne Hidalgo, quer instalar as estátuas em definitivo em um parque da capital francesa.