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terça-feira, 9 de maio de 2023

Rita Lee, rainha do rock brasileiro, morre aos 75 anos


Rita Lee, uma das maiores cantoras e compositoras da histĂ³ria da mĂºsica brasileira, morreu nessa segunda-feira (8), aos 75 anos. Ela foi diagnosticada com cĂ¢ncer de pulmĂ£o em 2021 e vinha fazendo tratamentos contra a doença.

A famĂ­lia da cantora divulgou um comunicado nas redes sociais dela: “Comunicamos o falecimento de Rita Lee, em sua residĂªncia, em SĂ£o Paulo, capital, no final da noite de ontem, cercada de todo o amor de sua famĂ­lia, como sempre desejou”. O velĂ³rio serĂ¡ aberto ao pĂºblico, no PlanetĂ¡rio do Parque Ibirapuera, na quarta-feira (10), das 10h Ă s 17h.

Rita, a padroeira da liberdade


Rita Lee durante gravaĂ§Ă£o do especial ‘Mulher 80’, exibido na Globo em 1979 — Foto: Nelson Di Rago/TV Globo/Arquivo

Rita ajudou a incorporar a revoluĂ§Ă£o do rock Ă  explosĂ£o criativa do tropicalismo, formou a banda brasileira de rock mais cultuada no mundo, os Mutantes, e criou canções na carreira solo com enorme apelo popular sem perder a liberdade e a irreverĂªncia.

Sempre moderna, Rita foi referĂªncia de criatividade e independĂªncia feminina durante os quase 60 anos de carreira. O tĂ­tulo de “rainha do rock brasileiro” veio quase naturalmente, mas ela achava “cafona” – preferia “padroeira da liberdade”.

Rita Lee Jones nasceu em SĂ£o Paulo, em 31 de dezembro de 1947. O pai, Charles Jones, era dentista e filho de imigrantes dos EUA. A mĂ£e, a italiana Romilda Padula, era pianista, e incentivou a filha a estudar o instrumento e a cantar com as irmĂ£s. 

Aos 16 anos, Rita integrou um trio vocal feminino, as Teenage Singers, e fez apresentações amadoras em festas de escolas. O cantor e produtor Tony Campello descobriu as cantoras e as chamou para participar de gravações como backing vocals.

Em 1964 ela entrou em um grupo de rock chamado Six Sided Rockers que, depois de algumas mudanças de formações e de nomes, deu origem aos Mutantes em 1966.O grupo foi formado inicialmente por Rita Lee, Arnaldo Baptista e SĂ©rgio Dias. 

Eles foram fundamentais no tropicalismo, ao unir a psicodelia aos ritmos locais, e se tornaram o grupo brasileiro com maior reconhecimento entre mĂºsicos de rock do mundo, idolatrados por Kurt Cobain, David Byrne, Jack White, Beck e outros.

O trio acompanhou Gilberto Gil em “Domingo no parque” no 3º Festival de MĂºsica Popular Brasileira da Record, em 1967, e Caetano Veloso em “É proibido proibir” no 3º Festival Internacional da CanĂ§Ă£o, da Globo em 1968, dois marcos da tropicĂ¡lia.

Os Mutantes tambĂ©m participaram do Ă¡lbum “TropicĂ¡lia ou Panis et Circensis”, de 1968, a gravaĂ§Ă£o fundamental do movimento. 

Ela fez parte dos Mutantes no perĂ­odo mais relevante e criativo da banda, de 1966 a 1972. Gravou “Os Mutantes” (68), “Mutantes” (69), “A Divina ComĂ©dia ou Ando Meio Desligado” (70), “Jardim ElĂ©trico” (71) e “Mutantes e Seus Cometas no PaĂ­s dos Bauretz” (72).

O fim do relacionamento com Arnaldo Baptista coincidiu com a saĂ­da dela dos Mutantes. O primeiro Ă¡lbum solo foi “Build up”, ainda antes de deixar a banda, em 1970. Ela tambĂ©m lançou “Hoje Ă© o Primeiro Dia do Resto da Sua Vida”, em 1972, ainda gravado com o grupo.

A carreira pĂ³s-Mutantes tomou forma com o grupo Tutti Frutti, no qual ela gravou cinco Ă¡lbuns, com destaque para “Fruto proibido”, de 1975, que tinha a mĂºsica “Agora sĂ³ falta vocĂª”.

A partir de 1979, ela começou a trabalhar em parceria com o marido Roberto de Carvalho, e se firmou de vez na carreira solo. Ela escreveu e gravou canções de pop-rock com grande sucesso.

Um dos Ă¡lbuns mais bem sucedidos foi “Rita Lee”, de 1979, com “Mania de VocĂª”, “Chega mais” e “Doce Vampiro”. No disco de mesmo tĂ­tulo do ano seguinte, ela segue na direĂ§Ă£o mais pop e faz ainda mais sucesso com “Lança perfume” e “Baila comigo”. 

Ela era uma roqueira popular antes e depois de o gĂªnero se tornar um fenĂ´meno comercial no Brasil em meados dos anos 80. Entre os Ă¡lbuns de destaque estiveram “SaĂºde” (1981) e “Rita e Roberto” (1985), com o qual os dois subiram ao palco do primeiro Rock in Rio.