O mês de novembro é marcado pela campanha do “Novembro azul”, que visa a conscientização sobre a importância dos cuidados com a saúde masculina. Entre as doenças debatidas no período, ressalta-se o câncer de próstata. De acordo com os dados mais recentes do Instituto Nacional do Câncer (INCA), em 2018, o câncer de próstata já se destacava como o segundo mais frequente em homens, com incidência de 13,5%. Somente em 2022, a Secretaria de Saúde do Ceará (SESA) contabilizou 435 novos diagnósticos e, até o momento, neste ano foram perdidas 473 vidas em território cearense.
Em Fortaleza, durante todo o ano de 2021, o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) registrou que a incidência da doença foi de 10,3%. Além disso, entre janeiro e setembro, a capital registrou 104 óbitos pela enfermidade. Nesse contexto, o urologista e membro titular da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), Dr. Francisco José Cabral Mesquita, afirma que é comum que homens não procurem atendimento médico na mesma frequência que as mulheres. “A mulher vai ao médico desde a primeira vez que menstrua. O homem só procura quando está doente e, muitas vezes, já é tarde. Por isso aproveitamos esse mês para focar na saúde masculina de maneira geral”, pontua.
De acordo com o coordenador da Atenção Primária e Psicossocial de Fortaleza, Erlemus Soares, em 2022, apenas 30,5% dos atendimentos nos postos de saúde foram para homens, por exemplo. “O que nos revela quão é difícil alcançar esse público que, por muitos fatores, sobretudo socioculturais, não busca atendimento”, afirma.
Especificamente sobre o câncer de próstata, o Dr. Francisco Mesquita alerta que sintomas podem se apresentar de maneira tardia, por isso, a prevenção e a detecção precoce são o melhor caminho. “Esperar os sintomas pode significar uma doença avançada, em que se já perdeu a chance de cura”, explica. Entre os principais alertas podem-se destacar, no entanto, sintomas urinários como dificuldade para urinar, levantar a noite diversas vezes para ir ao banheiro, não esvaziamento adequado da bexiga, incontinência urinária, dor ou ardor ao urinar, presença de sangue na urina ou ainda, sintomas gerais como perda de peso e dores ósseas.
A partir dos 50 anos de idade, todos os homens devem realizar a prevenção de doenças prostáticas ou, a partir dos 45, para quem tem histórico familiar ou algum sintoma. “A prevenção é feita com o exame do PSA, que é o exame de sangue e do toque retal”, detalha o médico. O Dr. Mesquita relembra que, se não for tratada adequadamente em estágio inicial, a doença pode levar a um quadro pior, gerando a necessidade de uma cirurgia maior, na qual o paciente pode acabar ficando incontinente ou impotente, sem mencionar a possibilidade de necessitar de terapias como a quimioterapia e a radioterapia. “Então, uma doença mais avançada é muito mais difícil e danosa à saúde do paciente. Diferente de uma cirurgia na fase inicial, em que as taxas de cura chegam a 95%”, conta.
Por isso, o urologista afirma que a conscientização é uma importante ferramenta de estímulo à procura dos exames preventivos. “Tragam seus pais, irmãos e, mulheres, tragam seus pais, maridos e irmãos porque é uma doença relativamente boa de tratar na fase inicial”, aconselha o especialista.
Outros cuidados
Além do câncer de próstata, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) também vem chamando a atenção para outros problemas que podem ser evitados através do acompanhamento médico periódico. Em 2022, por exemplo, 3.148 pessoas morreram por doenças do aparelho circulatório, dessas 52,7% eram homens. Além disso, a secretaria alerta que a saúde sexual masculina costuma ser negligenciada, mas a melhor forma de prevenir as infecções sexualmente transmissíveis (IST) é o uso de preservativos. Em Fortaleza, anualmente distribuem-se 12 milhões de preservativos femininos e masculinos, bem como oferta-se testes rápidos para ISTs/HIV e Hepatites Virais.
A SMS recomenda que medidas de prevenção a diversos tipos de doenças sejam adotadas através de hábitos como não fumar, controlar o peso, praticar atividades físicas regularmente, alimentar-se de forma adequada e evitar bebidas alcoólicas. Além da realização de exames adequados para faixa etária; verificação da pressão arterial; verificação das medidas antropométricas como: peso, altura e circunferência abdominal; e a atualização da carteira vacinal.
Por Yasmim Rodrigues
