Usuarios On-line





sexta-feira, 14 de outubro de 2022

No Ceará, 89 profissionais da Enfermagem morreram no enfrentamento à pandemia



No Ceará, 89 profissionais da Enfermagem, entre auxiliares, técnicos e enfermeiros, morreram em decorrência da Covid-19. O dado consta em levantamento realizado pelo Conselho Regional de Enfermagem do Ceará (Coren-CE) e contabiliza os óbitos registrados desde janeiro de 2020 até outubro de 2022.

O técnico de enfermagem Messias Carlos de Souza relata que a pandemia “causou bastante ansiedade, tristeza e apreensão entre os profissionais”. “Quando a regulação do Samu ligava para passar uma ocorrência, nós atendíamos o celular já pedindo a Deus que não fosse Covid-19”, conta o técnico, que atende no serviço médico de urgência.

“Em algumas unidades de saúde houve muito sofrimento. Perdi vários amigos e causava uma tristeza enorme, porém, levantava a cabeça e a coragem de lutar contra essa pandemia aumentava”, completa o profissional.

Para Ana Paula Brandão, presidente do Coren-CE, dois momentos foram os mais difíceis: os primeiros meses de 2020, quando havia poucas informações sobre o vírus e a doença; e o pico da segunda onda de casos e óbitos, quando mais pessoas foram afetadas gravemente pela Covid-19. “Nesse momento, apesar de os profissionais da saúde terem sido prioritários na vacinação, houve um atraso nas vacinas que prejudicou muito.”

“Uma das questões que mais fez os profissionais irem a óbito foi a ausência e os modelos inadequados de equipamentos de proteção individual”, avalia. “A nossa categoria é a maior da área da saúde e os nossos dados mostram que aqueles que mais morreram foram os auxiliares e técnicos de Enfermagem”, detalha.

O perfil de profissionais vitimados pelo coronavírus no Ceará aponta ainda uma predominância de óbitos entre mulheres. “A nossa profissão é majoritariamente executada por mulheres”, explica Ana Paula.

A presidente do Coren-CE entende que o número de óbitos é “gritante” e “ainda não é totalmente fidedigno”. “Temos muitas relações fragilizadas de trabalho, em que o vínculo não é um vínculo empregatício formal; é só prestação de serviço. Então os números podem estar subnotificados”, aponta.

Brasil

Relatório divulgado nessa quinta-feira, 13, mostra que, em dois anos de combate à Covid-19, 4.683 trabalhadores da linha de frente morreram em decorrência da doença no Brasil. Foram cerca de seis mortes de profissionais da saúde por dia ou uma morte a cada quase quatro horas.

Cerca de 80% dos profissionais mortos eram mulheres e 70% trabalhavam como técnicos e auxiliares de enfermagem.

Dados oficiais

A Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa), por meio da plataforma IntegraSUS, contabiliza que 63 profissionais dos serviços de saúde no Estado morreram por Covid-19 desde o início da pandemia. Os dados foram atualizados no último dia 11 de outubro.

Na classificação por ocupações, a pasta aponta 24 enfermeiros, técnicos e auxiliares de Enfermagem, 18 médicos e 21 profissionais de outras funções ligadas à saúde.

Fonte: O Povo