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quinta-feira, 11 de novembro de 2021

Moro entrou no jogo



Conforme era aguardado, o ex-Ministro da Justiça e Segurança Pública Sergio Moro assinou, nessa quarta-feira, 10 de novembro, sua ficha de filiação ao partido Podemos.

Além de esperança aos brasileiros que desejam uma alternativa à polarização gerada pelo abismo que representa o embate entre Lula e Bolsonaro, Moro chega trazendo (muita) preocupação àqueles que insistem em amarrar o Brasil ao atraso histórico do nosso patrimonialismo e clientelismo político.

O ex-ministro fez um discurso veemente e detalhado, que não deixou de fora pontos vitais para o brasileiro, como economia, reformas, empreendedorismo, combate à pobreza, desemprego, Amazônia, saúde, controle da inflação, responsabilidade fiscal e, é claro, sobre o enfrentamento à corrupção sistêmica. Fez ainda menções a propostas importantíssimas: o fim da reeleição para cargos no Executivo e a extinção do foro privilegiado para todos os cargos, inclusive para o de presidente da República.

Ao fim da cerimônia, ocorrida no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília, o Ibovespa registrava alta de 0,82% – e o dólar, queda 0,93%. Coincidência? Pode até ser, mas só pelo fato da Bolsa não ter despencado e nem o dólar disparado – como invariavelmente ocorre com os pronunciamentos do presidente Bolsonaro – já foi um ótimo sinal…

Moro realmente embaralhou o jogo para as eleições de 2022. E os detratores de sempre não poderão acusá-lo de ser um candidato monotemático, que só aborda o tema combate à corrupção.

Parecem fingir desconhecer que o enfrentamento à corrupção permeia o início da solução de muitos dos outros problemas crônicos que enfrentamos. Trata-se de um flagelo que se encontra na origem das mazelas brasileiras. Pobreza, crises ambientais, problemas na área de saúde pública, nos transportes urbanos e na educação se eternizam a partir dos bilhões drenados pelas propinas desviadas pelo crime institucionalizado, aquele que Sergio Moro enfrentou como juiz da Lava Jato.

Enfim, se Moro só falasse de corrupção, estaria falando de praticamente tudo, pois trata-se de uma agenda transversal a todas as outras. Mas não falou, fazendo, em realidade, um discurso abrangente que transcendeu às expectativas.

Resta a saber agora o que Bolsonaro e Lula podem detalhar ao eleitorado no tocante aos seus projetos de enfrentamento à corrupção sistêmica